Casa da Viscondessa

A “Casa da Viscondessa” é uma casa cheia de história, projetada pelo famoso arquiteto Marques da Silva, foi inaugurada no início do século XX. Foi utilizada como palco de filmagens para uma série juvenil chamada “Triângulo Jota”, deixo-vos aqui o episódio 11, onde é possível ver o estado da casa naquela altura, ainda bem conservada em comparação ao estado atual.

Numa visita ao norte, decidimos lá passar e ficámos espantados com a vandalização que a casa tem sido sujeita com o passar dos anos, mesmo estando próxima de um posto da GNR, em nada deteve os vândalos que por lá passaram. Para além do vandalismo e roubos, a casa também sofreu um incendio em 2011, não se sabe quem foi, mas sabe-se que a casa era poiso de marginais daquela zona.

O dono da casa tem uma história interessante, diz-se que viajou com apenas 16 anos para o Brasil e um dia ficou doente. Para se curar teve de viajar até ao Sul do Brasil para poder ser tratado pelos índios. Quando finalmente ficou bom, pensou em abrir uma fábrica de produtos farmacêuticos, com intuído de comercializar e aperfeiçoar os medicamentes que o curaram.

Ainda no Brasil, casou com uma jovem e teve seis filhos. Passado vários anos, ficou viúvo e perdeu o interesse em ficar no Brasil, voltou para Portugal, onde acabou por conhecer uma senhora, irmã do Dr. Torcato, que era médico. Apaixonaram-se, casaram e decidiram ir viver para o Porto. Faziam várias viagens ao Brasil, para o senhor ver os filhos e tratarem do negócio farmacêutico.

Por ser muito conhecido, rico e generoso, o Rei D. Manuel II, deu-lhe o título de fidalgo cavaleiro e passado algum tempo, o título de Visconde. Ele e a família vinham várias vezes passar férias à casa do sogro e certo dia, pediu-lhe para aumentar a casa, mas este não lhe deu autorização, no entanto, cedeu-lhe um terreno para que pudesse construir a sua própria casa.

Foi então construída a casa, mais conhecida pela casa da Viscondessa, porque a sua esposa também era assim chamada. Nenhum dos seus descendentes diretos quis ficar com a casa. Foi o neto da senhora Viscondessa, o Engenheiro Afonso, também dono da casa do Marmoiral, quem tomou posse da mesma para não ser vendida a pessoas que não pertencessem à família. Infelizmente, nunca foram feitas obras de recuperação à casa e atualmente encontra-se muito degradada.

André Ramalho

Sou um apaixonado por fotografia e locais abandonados, e por isso resolvi criar este blog, com o intuito de partilhar os meus registos e aventuras.

14 thoughts on “Casa da Viscondessa”

  1. Eu conheco a casa vivo perto de Vila Mea e realmente e uma pena ver uma casa dessas ir-se a baixo…Era uma boa casa p a epoca …E pena n a restaurarem

    1. Sem dúvida, é uma pena, um dos meus sítios favoritos, actualmente já está bem pior do que estava quando lá fui.

  2. Sou apaixonada por estes tipos de casas e histórias. Que feliz fico ao saber que está a ser recuperada, enche-me o coração 🙂

  3. A casa está, de momento, a ser reparada. E que bela está a ficar 😍 sou vilameanense, é um orgulho saber que um edifício tão belo não cai em esquecimento. Lembro-me de passar por esta casa depois de vir do café com amigas ou até mesmo da escola, ao anoitecer e correr cheia de medo à conta das histórias que são “inventadas”. Já o meu pai era igual, será sempre um local que marcará gerações.

  4. Eu sou neto do Visconde de Souza Soares e da Viscondessa.
    Há nesta descrição alguma informação que não está correta.
    O título de “Visconde”, foi dado ao meu avô, pelo Rei D. Carlos e não pelo seu filho D. Manuel II.
    Não é verdade, que nenhum dos herdeiros tivesse querido ficar com a casa, pois eu fui herdeiro de 1/3 e queria ficar com ela, mas o meu primo Afonso, que tinha metade, fez tudo para que eu não ficasse e no fim, deu o que deu!
    Deixou degradar a casa totalmente!
    Ele foi o único culpado desta maravilhosa casa em que eu nasci, ter chegado a este ponto!

    1. Desculpe-me, mas diga-me se conheceu as “meninas Castro” – Albertina (Tininha) e Elina, filhas do Sr. Castro chefe da estação da CP de Vila Meã, e que residiram ao lado antes da farmácia. A Tininha era a minha sogra, e ela e a irmã contavam as histórias da casa da Viscondessa e também muitas do “Dr.Afonso”, em 2019 levei-a lá para matar saudades dessa casa, infelizmente só hoje vi este site e esta fotos e lamento não me ter sido possível mostrar o site, se calhar foi melhor assim a imagem que tinha da casa manteve-se inalterada.
      Cpts

  5. Nós somos da casa da Gateira, Mancelos,
    Conhecemos todos os nomeados e as “meninas, Maria Antónia, Maria da Assunção, irmãs do Zé Delfim e do Torcato Sousa Soares , o Jubilado . É com tristeza que vemos a degradação do património.

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