Minas do Pejão

De passagem pela zona, por curiosidade passei nestas antigas minas para ver o que restava de um dos maiores complexos de extração mineira do país. À chegada, fiquei admirado, o portão que dá acesso ao complexo mineiro estava aberto, fui entrando sempre na expectativa que ia encontrar alguém no interior e aconteceu. Embora encerrado, o local tem vigia e na altura que fiz a visita ao espaço andavam a limpar os terrenos, que realmente já tinham bastante mato.

A história do Couto Mineiro do Pejão começa em 1859, quando o Concelho d’Obras Públicas e Minas decidiu examinar e reconhecer a existência de uma mina de carvão situada no Monte das Cavadinhas, no Pejão, freguesia de São Pedro do Paraíso, concelho de Castelo de Paiva. As Minas do Pejão começaram a ser exploradas em 1884, data a partir da qual se iniciaram os trabalhos de prospeção, pesquisa e consequente exploração subterrânea. Entre 1908/1917, as minas foram exploradas pela Companhia Portuguesa de Carvão e pela Anglo-Portuguesa Colliers, Lda. No entanto, em 1917 foi fundada a Empresa Carbonífera do Douro, Lda, a qual passou a explorar aquela concessão.

Em 1933, a Empresa Carbonífera do Douro faliu e foi adquirida por um grupo belga liderado por Jean Tyssen. Foi durante o período da sua administração que a empresa sofreu uma enorme evolução, quer na produção, quer a nível de desenvolvimento de infraestruturas e, sobretudo, a nível social.

Durante a Segunda Guerra Mundial e nos primeiros anos pós-guerra, a Empresa atravessou um período de grande desenvolvimento com as duas minas em exploração contínua. Em 1977, a exploração foi adquirida pelo Estado Português e em 1984 passa para as mãos da Ferrominas, através de um convénio celebrado entre o IPE e aquela entidade.

Em 31 de Dezembro de 1994, as Minas do Pejão foram encerradas oficialmente. Decisão imposta pelo Governo da época, em que milhares de pessoas ficaram no desemprego, numa zona deprimida por si só, uma zona que vivia à custa da mina e onde não havia mais nada.

Sempre existiu a vontade fazer neste espaço um museu mineiro, no entanto a ideia nunca avançou e tenho sérias dúvidas que alguma vez vá avançar. Deixo a dica para dois artigos sobre as minas do Pejão, um chamado “Negro como a mina” e outro “Noutra vida eu fui mineiro“, ambos da autoria do Público e ambos muito interessantes. Algumas das fotografias a preto e branco publicadas em cima pertencem a Adriano Miranda, autor do livro “Carvão de Aço”.

André Ramalho

Sou um apaixonado por fotografia e locais abandonados, e por isso resolvi criar este blog, com o intuito de partilhar os meus registos e aventuras.

10 thoughts on “Minas do Pejão”

  1. Olá. Sou de Castelo de Paiva e fico contente por ver aqui as minas retratadas. Realmente foram um marco para o concelho, muita gente trabalhou lá, muita gente padeceu de cancro do pulmão em consequência disso também. Muito já se tentou fazer com aquilo, desde aldeamento turístico, hotel, etc. Pelo que oiço dizer, pertence ao grupo Amorim agora… Pode ser que decidam investir naquilo, pois é uma infraestrutura enorme que se estende a várias freguesias. Parabéns pelo seu trabalho, sou seu seguidor aqui no blogue.

  2. Olá ♡ sou neta de um senhor que foi mineiro nas minas de pejão. Faleceu muito novo, vítima de acidente de viação, não o conheci mas escuto da minha mãe muitas histórias dele e do quanto sofreu nessa mina. Tenho o cartão de sócio dele e o de identificação, que me trasporta para esse tempo cada vez que o vejo.
    Adorava um dia poder entrar nessa mina e poder escutar, respirar e sentir um pouco mais do que seria trabalhar nesse local.
    Obrigada pela partilha🙏

    1. Boa tarde! Sou consultor imobiliário já visitei esta fantástica quinta, ficando bem impressionado com o que vi e pelo potencial de negócio que representa. Neste momento já há interessado na compra do empreendimento, embora ainda esteja um pouco longe do valor de venda! Mas é tudo uma questão de semanas e creio que para o bem da região a quinta conhecerá o novo dono muito em breve!

  3. Visitei a mina ou melhor o espaço envolvente…
    Também visitei o complexo de casas onde tem a piscina …são casas fascinantes mas fiquei sem perceber qual seria o elo de ligação das casas (piscina) com as minas…aquilo era do antigo dono?

    1. Alguns dos trabalhadores moravam nessas casas, e à volta existia uma piscina, escola, e court de ténis que eram usados pelos trabalhadores e filhos.

  4. Olá boa noite. Os meus pais viveram numa dessas casas. Vivi com meus irmão até aos 5/6 anos. Meu pai era engenheiro civil numa área especifica de minas. Deu formação a mineiros. Recordo a casa. Eram grande e vivíamos com conforto. Havia escola primária perto e recordo da carrinha do pão com as bolas de Berlim, da cerejeira , da Violeta nossa cadela, um candeeiro de vidros, do musgo, do seu cheiro, do Mário da mota, do meu pai brincar ao” Zarronco” , do medo e do Natal. Ali era tão bom o Natal. A arquitetura e todo esse mobiliário é muito bonito.

  5. Conheci muito bem a zona onde estava a mina pois, estive durante algum tempo ,por vontade própria ,e sem receber nada a montar um jardim de infância e a preparar futuras educadoras.
    ADOREI

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