Casa do Campino

Este local está certamente abandonado há mais de 15 anos. Foi descoberto em 2019 por um curioso de locais abandonados, e tive a oportunidade de visitar e fotografar a casa em 2022.

Segundo outro explorador que investigou a história, o primeiro proprietário desta casa chamava-se José. Viveu aqui com a sua esposa, Maria, até ao seu falecimento em 1950, com 97 anos. Era campino e agricultor. A casa foi então deixada para o seu filho mais velho, também chamado José, agricultor e caçador nos tempos livres. Aqui viveu ainda com a esposa, Adelaide, durante muitos anos e tiveram um filho chamado Lucílio, que nunca casou, nem teve filhos. Após o seu falecimento, a casa foi deixada ao abandono.

Perto deste local existe uma paragem de autocarro. Quando cheguei ao local, encontrei um casal de idosos sentados na paragem a conversar. Disse-lhes boa tarde e segui a minha vida. Explorei o local e à saída meti conversa com eles. Não iniciei logo a conversa sobre a casa, porque isso poderia parecer estranho, afinal de contas, sou um desconhecido numa pequena aldeia, e as pessoas não sabem as minhas intenções.

Indiquei que era fotógrafo, perguntei sobre a aldeia e locais interessantes para fotografar, e só depois acabei por perguntar sobre a casa. Indicaram que estava abandonada há muitos anos e que os herdeiros não queriam saber dela. Já a tentaram vender várias vezes, mas sem sucesso.

Mais interessante do que a história da casa foi certamente conhecer este casal de idosos. Eram ambos viúvos e encontravam-se diariamente ali para falar, trocar histórias e acompanhar o movimento da aldeia. Chamavam-se Manuel e Ana. Manuel, um senhor de cabelos grisalhos e sorriso gentil, costumava ser carpinteiro antes de se aposentar, enquanto Ana, uma senhora de olhos brilhantes e mãos calejadas, era conhecida pela sua habilidade na cozinha, segundo o senhor Manuel.

Enquanto conversávamos, partilharam histórias fascinantes sobre a aldeia, desde lendas antigas até eventos recentes. Fiquei encantado com a riqueza cultural e a calorosa hospitalidade deles.

Explorar locais abandonados não é apenas fotografar e investigar a história do sítio, é também viajar, explorar os quatro cantos de Portugal, conhecer pessoas e pequenas aldeias, e pelo caminho partilhar histórias e vivências com os outros exploradores que me acompanham.

André Ramalho

Sou um apaixonado por fotografia e locais abandonados, e por isso resolvi criar este blog, com o intuito de partilhar os meus registos e aventuras.

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