Casa da Noiva

Mais um fim-de-semana dedicado aos locais abandonados com a minha namorada. Um dos principais motivos porque gosto de explorar e fotografar lugares abandonados é o espírito de aventura, bem como o facto de conseguir ver uma certa beleza nestes locais, e depois o desafio de transpor essa beleza para as fotografias.

Sou um aficionado por filmes pós-apocalípticos e estas casas lembram-me de certa forma essa temática. A possibilidade de poder guardar para sempre as memórias e a beleza destes locais que foram esquecidos pelo homem, é outro dos motivos porque adoro este passatempo, um passatempo que tem virado moda nos últimos tempos.

Cada vez vejo mais pessoas a explorarem locais abandonados, principalmente depois do meu projeto aparecer. Acho que de certa forma serviu de inspiração para muita gente e isso é positivo. Só tenho pena que por vezes estes locais não sejam devidamente respeitados. É cada vez mais comum ver estes sítios vandalizados. É algo que não entendo e um dos motivos porque não partilho localizações.

Bom, mas falando do que realmente importa, se existe alguma casa que tenha sido difícil de entrar, foi esta. Abandonada há mais de 15 anos, inacessível pela frente e com a traseira completamente tapada de mato, foi um verdadeiro desafio.

Se eu disser que estivemos uns bons 20 minutos no meio da vegetação a tentar entrar nesta casa, não estou a exagerar. O mato era enorme e não sabíamos se era possível entrar, mas o esforço compensou. Assim que finalmente ultrapassámos o mato e chegámos às traseiras da casa, havia uma porta aberta (que alívio!). Mas será que ainda tem coisas, pensámos nós. Mas felizmente tinha.

Notei desde logo que a casa já foi remexida, provavelmente algumas coisas de maior valor foram levadas, mas aquilo que nos interessava, a história, ainda lá estava, contada pelos objetos que permaneceram. Haviam cartas, documentos e fotografias, ficou tudo para trás. No rés-de-chão da casa havia um café e no primeiro andar viviam os donos do café e as duas filhas.

Uma das filhas trabalhava num Inatel bem perto da casa e a outra estudou advocacia. Descobrimos um vestido de noiva num dos armários, que pertenceu à filha mais velha e através de algumas cartas, ficámos a perceber que a filha se tinha-se casado, mas passado pouco tempo o marido faleceu. Depois disso, voltou para casa dos pais e começou a trabalhar no tal Inatel indicado em cima. Haviam álbuns de fotografias, incluindo um álbum do casamento, mas que decidi não publicar no blog, até porque eu normalmente evito publicar fotos de pessoas por respeito às próprias e mesmo aos familiares que possam ainda existir.

Os últimos registos que encontrámos eram de 2000. Num telheiro exterior, ficou um mercedes vermelho e no interior do mato haviam mais dois mercedes, outro vermelho e um azul escuro, ambos completamente rodeados de vegetação. Esta é daquelas casas que adorava saber a história completa, da casa e da família, bem como dos motivos para estar assim. Mas, como sempre, ficam imensas dúvidas no ar, resta a cada um de nós olhar para as fotografias e imaginar a história.

 

 

André Ramalho

Sou um apaixonado por fotografia e locais abandonados, e por isso resolvi criar este blog, com o intuito de partilhar os meus registos e aventuras.

9 thoughts on “Casa da Noiva”

  1. ola muito bom dia estou a trabalhar numa curta metragem , gostaria de saber se era possível partilhar a localização da casa .
    muito obrigado cumprimentos

    1. Lamento Diogo, mas não partilho este tipo de localizações. Existem outras localizações com o nome real no blog, talvez alguma delas sirva para o que pretendes. Cumprimentos.

    1. Muito obrigado Ana 😉 É daqueles locais que gostaria de saber a história ao pormenor, infelizmente é difícil.

  2. Do Brasil:
    Pesquisando um assunto sem qualquer relação com a temática, me deparei com suas fotos e achei interessante demais, um trabalho muito bacana!
    Parabéns!

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